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quarta-feira, 11 de abril de 2012
Sou eu. Abre.
Fui lentamente chegando minha camiseta branca no lugar, ouvindo o barulho do meu zíper subindo, fechando com ele meu pudor, as palavras sujas, o gosto molhado da noite não esperada e sim, ensandecida. Meu olhar ficou parado, fixo naquela parede que tinha o cheiro do seu suor misturado com o meu. Fui me enlouquecendo com flashes da sua pele sugando minha libido, com cada pulsação, cada lugar do meu corpo latejando causando arrepios, me fazendo conversar na língua do tesão.
A campainha tocou e eu estava com meu moletom cinza e aquelas olheiras típicas de uma noite após um cansativo dia de esforço mental. Fui andando em direção à porta, com meu livro na mão, o dedo indicador entre as páginas funcionando como marcador e me perguntando quem poderia ser. O vizinho, talvez. Mas a essas horas?
- Quem é?
Silêncio. Pergunto novamente e ouço alguém dizer calmamente do outro lado:
- Sou eu. Abre.
Meu coração disparou na hora. Senti como se ele não pertencesse mais a mim. Um peixe vivo fora d'água que você tenta segurar em suas mãos. Em vão. Minhas mãos começaram a suar. Respirei fundo, repousei meu corpo sobre a porta e lentamente girei a maçaneta. Ao ouvir o clique do desencaixe, senti você fazer uma leve pressão empurrando a porta contra mim. Um passo e você já estava dentro segurando meus braços, me forçando a andar para trás, como numa dança. Passo a passo. Nos entreolhando. Fixamente.
Sofá. Nenhuma palavra. Parede. Sons. Tapas. Intensidade. Provocação. Insanidade. Fugacidade. Oi. Um sorriso. Te amo. Adeus.
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