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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Luto







Luto por um luto.
Um minuto de silêncio. 
É tudo que eu peço. 
Um minuto de silêncio interior. 
Para tudo só por um minuto, por favor. 
Para o aqui permanecer aqui e o depois existir. 
Para uma solidão de momento não parecer ser só solidão. 
Para uma coexistência saudável entre mim e meu eu. 
Para tudo! Eu quero respirar. Não aguento mais essa falta de ar. 
Eu tenho pressa de pensamentos e raciocínio pesado, mas não quero mais pensar. 
Por um minuto. 
Só peço mais um minuto para eu me vestir de preto e lamentar a morte do que me causa dor e ressurgir no amor. 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sou eu. Abre.







Fui lentamente chegando minha camiseta branca no lugar, ouvindo o barulho do meu zíper subindo, fechando com ele meu pudor, as palavras sujas, o gosto molhado da noite não esperada e sim, ensandecida. Meu olhar ficou parado, fixo naquela parede que tinha o cheiro do seu suor misturado com o meu. Fui me enlouquecendo com flashes da sua pele sugando minha libido, com cada pulsação, cada lugar do meu corpo latejando causando arrepios, me fazendo conversar na língua do tesão. 




A campainha tocou e eu estava com meu moletom cinza e aquelas olheiras típicas de uma noite após um cansativo dia de esforço mental. Fui andando em direção à porta, com meu livro na mão, o dedo indicador entre as páginas funcionando como marcador e me perguntando quem poderia ser. O vizinho, talvez. Mas a essas horas? 
- Quem é?
Silêncio. Pergunto novamente e ouço alguém dizer calmamente do outro lado:
- Sou eu. Abre.
Meu coração disparou na hora. Senti como se ele não pertencesse mais a mim. Um peixe vivo fora d'água que você tenta segurar em suas mãos. Em vão. Minhas mãos começaram a suar. Respirei fundo, repousei meu corpo sobre a porta e lentamente girei a maçaneta. Ao ouvir o clique do desencaixe, senti você fazer uma leve pressão empurrando a porta contra mim. Um passo e você já estava dentro segurando meus braços, me forçando a andar para trás, como numa dança. Passo a passo. Nos entreolhando. Fixamente.
Sofá. Nenhuma palavra. Parede. Sons. Tapas. Intensidade. Provocação. Insanidade. Fugacidade. Oi. Um sorriso. Te amo. Adeus.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Lado B







Eu estou cansada, mas não desisti. Estou queimando por dentro, mas estou pronta pra te acalmar, aferrecer. Eu rodopio, canto um canto e dou um pio, perdida. Me achei. Seguro minhas mãos frágeis, trêmulas e me desdobro e desviro para achar a coragem e a braveza que você exige de mim. Auto-salvamento. Procuro formas pra me encaixar em sua forma. Não encaixo. Não vou encaixar. Você gosta de mim assim, desencaixada. Fazer o quê? É essa nossa extravagante capacidade de arder de amor e irradiar entre olhares amargos, arredios e salinos. Vivemos entre contos e canções, entre o cliché e o lado B, atravessados na garganta, invertidos no coração, inimagináveis na mente alheia e perfeitamente possíveis do lado cá. No meu mundo você faz todo o sentido do mundo, mesmo que imundo.