Pesquisar neste blog

Postagens populares

sábado, 27 de junho de 2009

Boas intenções




Sabe quando você não sabe o que dizer mas tem tanta coisa escondida que transborda nos seus olhos? Engraçado quando você tenta fingir algo que não é pra ser fingido. Quando você tenta acertar e apenas tropeça nos suas boas intenções. Taí. Boas intenções. Dizem que o inferno está cheio delas. Pois então, me pergunto: Por que não posso ser bem intencionada? Preciso acertar sempre? As pessoas - me inclua na lista, e... você também - estão cheias de problemas, cheias de dúvidas, cheias de angústia, de incertezas, de infidelidade. Falta. Falta muita coisa. Falta amizade. Falta cumplicidade, falta um abraço, um beijo. Um simples e sincero "tudo bem?". Falta lealdade, falta humanidade, falta amor. Com tanta falta, por que não posso ser cheia de boas intenções? Tenho que acertar sempre? Não sei.
Sabe o que é tentar agradar a todos e no final das contas esquecer de você? Então me pergunto: o que EU quero? Eu. Eu. Eu. Isso é ser egoísta? Desculpa, não foi minha intenção. Isso é mais uma desculpa pra errar? Não ter a intenção? Por que não posso ter boas intenções? Preciso acertar sempre? Posso. Preciso. Mas, sinto muito, não acontece sempre.
A vida, se você quiser, não tem sentido algum.
O que você quer?
Tenho a sensação que o mundo (leia-se, "a gente") está se auto-destruindo.
5, 4, 3, 2, 1...

Tá no inferno? Abraça o capeta.
Claro, com toda boa intenção do mundo.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Cigarro


 


É uma afronta a minha saúde.
Me faz mal.
Me faz bem.
Me quer quando te trago.
Mas você dispersa como a fumaça.
Sua facilidade em dissipar é notável,
porém fica seu cheiro impregnado em mim.
Não te gosto além do óbvio.
Afinal, você é um vício.

Te tenho entre meus dedos.
Eu sei que eu olho pra você e te desejo momentaneamente
e pra-ze-ro-sa-men-te.
Mas é só isso.
Acende-se o fogo, digo, o cigarro,
e enquanto é tragado sem pressa,
é sentido pelos lábios, pela garganta, pelas mãos.
Me consome enquanto é consumido,
me faz ficar tonta e depois...
depois apaga.
É só isso.
Mas o vício é assim.
Alguém tem fogo?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Não sei mais


 

Eu sigo você nessa estrada curva
Vê, veja você se sabes tudo
Nesse caminho já não vê mais fim
mas você ainda assim não sabe se isso é bom ou ruim.

Eu fico aqui a te observar
enquanto seu rosto muda de expressão
seu corpo se move e eu esboço uma reação.

Então me diz o que fazer
Se eu te toco e já não sinto mais
Se eu te beijo e já não vejo mais
Se eu te quero e tenho insufi-cien-te-mente, mente pra mim
Por quê?

Eu já nem sei mais.

Sobre o tudo e sobre o nada.


 


Será que é a necessidade de me sentir bem que faz de mim uma pessoa tão mesquinha?
Até que ponto sofrer é ser verdadeiro?
Até que ponto estar é ser?
Até que ponto o bom está perto?
Até que ponto o bom é confortável?
Até que ponto a tentação é ridícula?
Até que ponto a atração é intrínseca?

...
Até que ponto?

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Eutanásia


 
Viveu num corpo saudável
Sobreviveu em um mundo de afetos
Se fechou em dúvidas
Se entregou às certezas - as poucas que pensava ter
Estava tudo no lugar
Quando ela se apossou de seu corpo
Quando ela era parte de sua pele
invadiu os pulmões
o coração.
Assintomático.
Ou talvez repleto de sintomas mascarados.

Ela começou a se alastrar
Aos poucos foi tomando forma.
Quem vivia num corpo saudável
já não conseguia respirar
pronunciar palavras,
raciocionar.
Ela estava destruindo algo tão abstrato quanto o vento,
porém tão concreto quanto as feridas que estavam abertas.
Cada vez maiores.

Quando o corpo se deu conta
logo apressou-se em tentar livra-se dela
Mas era em vão.
Durante muito tempo foi em vão.
O corpo estava em um estado deplorável.
Ele precisava de um golpe final
para findar sua agonia.

E aconteceu.
Mas não foi suficientemente letal.

Eutanásia.
Desligue os aparelhos.
Seu desejo é que ela não vire epidemia. O corpo não deseja isso para mais nenhum outro corpo.
É como uma droga.

Definha.
Continou definhando durante um período.
Um período.

...
Último suspiro.
Morte.
Vida.
É a primeira vez que a morte significa vida.